Curia e Comitium
CURIA E COMITIUM
1. Logo que numa cidade ou região se fundem dois ou mais Praesidia, deve formar-se também um Conselho diretivo chamado Curia. Esta será constituída por todos os Oficiais (incluindo os Diretores Espirituais) dos Praesidia da respectiva área.
2. Onde for necessário conferir a uma Curia, além das funções próprias, certos poderes de administração sobre uma ou várias Curiae, tal Curia superior tomará a denominação particular de Comitium.
O comitium não é um novo Conselho. Continua a agir como Curia em relação à sua própria área e a governa diretamente os seus próprios Praesidia. Além disto, administra uma ou mais Curiae.
Cada Curia ou Praesidium diretamente dependente do Comitium tem nele, direito ‘a plena representação.
A fim de aliviar os representantes de uma Curia da participação de todas as reuniões do Comitium (as quais somadas com as reuniões da própria Curia se tornariam um fardo demasiadamente pesado) poderão tratar dos assuntos relativos a essa Curia, de duas em duas ou de três em três reuniões do Comitium, exigindo apenas para essa ocasião, a presença dos ditos representantes.
O Comitium, em geral, não deverá ultrapassar os limites de uma Diocese.
3. O Diretor Espiritual será nomeado pelo Bispo da Diocese onde a Curia (ou Comitium) exerce as suas funções.
4. A Curia exercerá autoridade sobre os Praesidia que dela dependem, de acordo com os Estatutos da Legião. Nomeará os Oficiais, exceto o Diretor Espiritual, e cuidará da duração dos seus cargos. Quanto ‘a maneira de proceder para a sua nomeação, veja-se o número 11 do Capítulo ” O Praesidium”.
5. A Curia velará pela correta observância dos Regulamentos, por parte dos Praesidia e dos seus membros. Entre as atividades importantes da Curia, deverão contar-se as seguintes;
a) Formar e vigiar os Oficiais no desempenho dos seus cargos e na maneira de dirigir os respectivos Praesidia.
b) Receber os relatórios, ao menos uma vez por ano.
c) Comunicar reciprocamente ass experiências.
d) Estudar novos trabalhos.
e) Tender à criação de padrões elevados.
f) Certificar-se de que cada legionário cumpre satisfatoriamente a sua tarefa semanal.
g) Expandir a Legião e estimular os Praesidia a recrutar Auxiliares, a organizá-los e a velar por eles.
Em vista disto, torna-se evidente o alto grau de coragem moral que a Legião exige da Curia, especialmente dos seus oficiais, a fim de cumprirem convenientemente os deveres dos seus cargos.
6. A sorte da Legião está nas mãos das Curiae e o seu futuro depende do desenvolvimento delas. A própria existência da Legião, em qualquer localidade, deve considerar-se fraca, enquanto não se fundar uma Curia.
7. Os legionários com menos de 18 anos não podem pertencer a uma Curia de adultos; mas, se houver conveniência, se fundará uma Curia Juvenil, dependente da primeira.
8. É absolutamente necessário que os oficiais da Curia, sobretudo o Presidente, estejam sempre dispostos a atender os legionários, seus subordinados, ansiosos por solucionar dificuldades, apresentar projetos ou tratar de outros assuntos ainda insuficientemente amadurecidos para uma discussão pública.
9. É aconselhável que os Oficiais, especialmente o Presidente, dediquem tempo considerável ao desempenho dos seus cargos. Disso depende muito o bom êxito da obra.
10. Quando numerosos Praesidia dependem de uma Curia, numerosos terão de ser os representantes na reunião da mesma. Tal fato poderá causar dificuldade de acomodação e de perfeita administração. Crê, todavia a Legião, que estas dificuldades serão amplamente compensadas por vantagens de outro gênero.
A Legião espera que as suas Curiae sejam algo mais que simples máquinas adminiistrativas. Cada uma é o coração e o cérebro do grupo de Praesidia que dela dependem. Sendo a Curia centro de unidade, quanto mais numerosos forem os laços (isto é, os representantes) que a unem aos Praesidia, tanto mais forte será esta unidade e, conseqüentemente, mais seguros estarão os Praesidia de reproduzir o espírito e os métodos da Legião. Ora só nas reuniões da Curia é que os assuntos relacionados com a essência da Legião podem ser discutidos e compreendidos completamente. Daí serão transmitidos aos Praesidia e assim difundidos entre os respectivos membros.
11. A Curia deve providenciar para que cada Praesidium seja visitado periodicamente duas vezes por ano, se possível, a fim de o estimular e de se assegurar de que tudo caminha ordenadamente.
É da maior importância que tais visitas não se façam com espírito de censura ou de fiscalização, o que levaria a temer a presença dos visitantes de que espírito de amor e de humildade, conscientes os visitantes de que têm tanto ou mais a aprender de qualquer Praesidium visitado, como a ensinar-lhe.
A visita deverá ser notificada ao Praesidium, com uma semana de antecedência, pelo menos.
Ouvem-se, às vezes, queixas com a justificativa de que a visita representa uma “interferência estranha”. Tal atitude manifesta pouco respeito para com a Legião, da qual os Praesidia são simples elementos e à qual devem perfeita lealdade. Dirá a mão à cabeça “não preciso do teu auxilio?” Além disso, tal atitude é prova de ingratidão, pois que essas unidades, devem sua existência a isso que eles chamam de “interferência estranha”. São incoerentes consigo mesmos, pois aceitam de bom grado, da Autoridade Central, toda e qualquer iniciativa ou ordem que julgam úteis à organização. É também uma atitude insensata, já que a proposta está de acordo com a experiência universal. Em toda a organização, seja ela religiosa, civil ou militar, o reconhecimento espontâneo, compreensivo e prático da Direção Central é essencial à defesa e salvaguarda do espírito e do bom funcionamento. A visita regular às unidades da organização é um fator importantíssimo da aplicação desse princípio, e nenhuma forma competente de governo o descuida.
Além de as visitas por parte da Curia serem necessárias ao bem-estar do Praesidium, recorde-se a este que a visita é um pouco estabelecido pelo Regulamento, cumprindo-lhe, por isso, cuidar para que a Curia não se desleixe no cumprimento desta obrigação. Desnecessário é dizer que os visitantes devem ser acolhidos cordialmente.
Nesta ocasião, o visitante examinará as listas dos membros, os livros de Secretaria e de Tesouraria, a Folha de Trabalhos e outros elementos da organização do Praesidium, a fim de verificar se estão em ordem, e certificar-se de que todos os membros, em condições de fazer o Compromisso Legionário o fizeram de fato.
A inspeção deve ser feita por dois representantes da Curia, Não se requer que estes sejam Oficiais da Curia; tal tarefa pode ser confiada a qualquer legionário experiente. Os visitantes apresentarão aos Oficiais da Curia um relatório escrito sobre o resultado da sua visita. O Concilium fornece modelos destes relatórios.
Os defeitos verificados não devem ser, logo de início, motivo de observações públicas, quer no Praesidium quer na Curia. Tratem-se primeiramente com o Diretor Espiritual e o Presidente do Praesidium. Se não der resultado, submeta-se o caso à Curia.
12. A Curia, em relação aos membros que a compõem, está mais ou menos na mesma situação que o Praesidium em relação aos seus. Por isso, tudo o que nestas páginas se expõe com relação à assistência e comportamento dos legionários nas reuniões do Praesidium aplica-se igualmente aos representantes do Praesidium nas reuniões da Curia. O zelo manifestado pelos Oficiais em outros serviços nunca compensará o descuido na fiel participação às reuniões da Curia.
13.A Curia se reunirá em tempo e lugar determinados por ela própria, com a aprovação do Conselho Superior imediato. As reuniões deverão fazer-se, se possível, ao menos uma vez por mês. Vejam-se as razões para esta freqüência no número 19 de “1. Normas gerais…”, deste capítulo.
14. O Secretário, depois de ter consultado o Presidente, preparará a agenda da reunião da Curia e deverá entregá-la, com a devida antecedência, aos Diretores Espirituais e Presidentes dos Praesidia nela representados. É ao Presidente que cabe avisar os demais representantes do Praesidium.
O programa proposto tem caráter provisório, devendo dar-se aos membros, a maior liberdade possível para a apresentação de novos assuntos.
15. A Curia exercerá a máxima vigilância sobre os Praesidia para que estes se afastem do seu verdadeiro espírito, distribuindo bens materiais, o que seria o fim de todo o trabalho legionário verdadeiramente proveitoso.
A inspeção periódica dos livros de contas do Tesoureiro ajudará a Curia a descobrir os primeiros sinais de qualquer irregularidade.
16. O P residente – e o mesmo se diz de todos os dirigentes – deve esforçar-se por não cair numa falta demasiadamente comum: querer assumir a responsabilidade sozinho, das coisas mínimas. O resultado de semelhante tendência seria o enfraquecimento da ação, chegando, nos grandes centros, onde existe muito trabalho, a provocar até a paralisação de toda a máquina legionária. Quanto mais estreito é o gargalo de uma garrafa, tanto mais lentamente dela escorre o líquido, acontecendo, por vezes, que alguém mais impaciente acabe por quebrá-la.
Mas eis outro aspecto não menos sério: negar as responsabilidades, a quem pode honestamente assumi-las, é ser injusto não só para com esses legionários, mas também para com a própria Legião. O exercício de um certo grau de responsabilidade é condição indispensável ao desenvolvimento das grandes qualidades do indivíduo. A responsabilidade é capaz de transformar a simples areia em ouro fino.
O Secretário não deve limitar-se pura e simplesmente ao trabalho de secretario, nem o Tesoureiro ao arranjo das contas. A todos os Oficiais, mesmo aos mais experientes e aos promissores, devem ser confiados cargos em que possam desenvolver o espírito de iniciativa e de controle, pelos quais serão responsáveis, embora sujeitos à autoridade superior, a quem sempre se subordinarão. Tal procedimento tem como fim essencial, formar os legionários no sentido da responsabilidade pelo bem-estar e progresso da Legião, como poderoso meio de contribuir para a salvação do próximo.
“Todas as obras de Deus estão fundamentadas na unidade, pois o fundamento de todas é Ele mesmo – a mais simples e superior de todas as unidades possíveis. Deus é uno, por definição; mas, porque, em nosso entender é também multiforme na sua perfeição e nos Seus atos, segue-se que a ordem e a harmonia são da Sua própria essência”, (Cardeal Newman: A Ordem, Testemunha e Instrumento de Unidade. Esta e as três citações seguintes formam no original uma só passagem).